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- Quero conhecer a metafísica!
- Te apresento a ela.
- Tu... Tu tem certeza?
- Peraí, eu já volto.
(...)
- Não sei onde ela foi.
- A Metafísica?
- Sim, ela mesmo. Em carne e osso.
- Tu ia me trazer algum livro de literatura-filosófica?
- Não. Ia te conduzir à tua alma.
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- Salve!
- Amém.
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- Alva.
- Branca Vicissitude.
- Saúde!
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Da outra sala, ouve-se o tilintar de copos de vidro.
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- Às vezes olho para o lado e pareço...
- Perece. Tu parece que não encontra as palavras, as elocuções. Tu elucubra soluções numa questão íntima e sincrônica de espaço-tempo. Tu não termina tuas frases e não encerra teu pensamento. Tu parafraseia qualquer escritor.
- Excretor. Tu perece quando me analisa e vê racionalidade por meios físicos.
- E aí tu te encontra com a metafísica.
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Ouve-se uma tosse, vinda do corredor.
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- Perdeste tua alma, Alva.
- Te acalma, João. Porque eu ainda sei concatenar meus pensamentos menos filosóficos e mais lúdicos.
Ouve-se um suspiro.
- Alma! Por onde andaste?
- Eu ouvi alguns ruídos vindos desta sala. Um burburinho me fez acordar de um sono lento.
- João estava a te procurar, mesmo.
- Alva teve medo de parecer...
- Perecer.
- Permanecer...
- Tancafiada.
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- A Alma é assim. Uma hora ela se apresenta, outra hora tu já não a ve mais.
- Puxa, João. Nem deu tempo de conversar com a metafísica.
- Alva: Quando tu falou com a Alma, tu falou com a Metafísica.
- Sabe, João. Às vezes eu bem sei quem sou. Porque sofro. Mas Alma parece que não perece. Ela tem uma certa liberdade, é como um fino fio de linho que dança com o vento. Sou um novelo de lã que se enrosca na primeira corrente de ar, quando me vejo num redemoinho, percebo que estou em pleno mar.
- O Furacão é para poucos, Alva.
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