segunda-feira, 19 de janeiro de 2004

Parasamgate.

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Não é fácil comer um belo doce: tem-se o indigesto, há que se escolher dentre tantos outros. Não quis uma fruta, não quis um refri em lata. Não tomou uma cerveja, nem vodka, nem uísque. Quando o amigo lhe perguntou o que preferia, ele disse:

- Deste lado.

E o amigo serviu a si uma boa dose de uísque.

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No outro dia foi até a padaria e quis comer mais um: Comer doce não era a sua tara, mas ele acordou aquele dia com um pensamento fixo no físico doce.

De antemão estranhou a pau-e-torto. Torturava-lhe a idéia de que deveria passar pela padaria e, tinha certeza, não passaria de cabeça erguida, não procuraria amarrar o cadarço para disfarçar a idéia de entrar: comeria o mesmo doce, novamente.

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Comeu doces toda a semana, não engordou um kilinho. Estava esbelto e sua boca sempre estava com uma borda de chocolate Alpino: os monstrinhos já desconfiavam.

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Não ligava. Percebeu que aquele doce estava na medida para completar seus dias, deixando-o dormir sossegado - com um sorrisinho no fim do dia.

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A cada dia que se passava ele estava mais feliz e simpático. Passeando pela rua, comia seu doce. Os monstrinhos da rua estavam já encucados com o sorriso pertinente de Parasamgate.

Parasamgate não os olhava desconfiado. Ele sabia que doce igual ao seu não haveria, sabia que a travessia daquele dia em que amarrou os cadarços em frente a padaria não forneceria o material necessário para fazer daquele doce tão suculento e especial, se não para ele.

Por isso ele seguia. De cabeça alta, doce na mão. Bordas de chocolate no canto da boca.

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