quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Meus dias são chalacentos e perturbantes
Sempre ando com muita pressa.
E penso: capaz que das pessoas por quem passo, veloz, não entendam porquê eu corro, quase, quando ando, vôo.
E aí tento me enganar dizendo: Como se o ônibus estivesse a chegar, tenho pressa pra não perder o próximo ônibus.

O que de fato, mentira deslavada.

Corro porque não me resta nada mais a fazer. Caminhando rápido, chego antes.
E se o ônibus eu tiver que esperar tanto quanto àquele por quem passei?

Nada. Eu chego antes. Se tiver que esperar tanto quanto, ok.
Se um ônibus chegar junto comigo, eu subo.
Se tardar, espero.

O sentimento é este. Gosto de andar com pressa. Me sinto viva. E não é por pensar que posso perder o próximo ônibus. Ônibus sempre vêm. Hora, outra. Minutos, até. Ando com pressa pois é a pressa o meu ritmo.

E, pior. No trânsito tenho desenvolvido algumas Ânsias.

Não tendo som no carro, tive de desenvolver alguma habilidade para me entreter.

Não que cantar ou maldizer do motorista alheio não me seja Diversão.


Mas descobri a brincadeira do "Timing".

Na ida ou volta pra casa, meu carro sabe o caminho de cor.

Mas a espontaneidade é cuidar algo como "Um olho no Padre, outro na Missa".

Um no trânsito, ou nos semáforos.

E aí me divirto em chegar rápido em casa. Cuidando o trânsito e o "Timing" dos semáforos. E, preste atenção, não tenho muitas opções quando dirijo. É divertido. "Estou no 'timing'"; "Perdi o 'timing'"; "Acelera pra alcançar o 'Timing'"; "Segura, se não tu perde o 'timing'".

Enfim.

Bom mesmo é chegar em casa com cara de quem foge da Cruz como Lúcifer; largar a mochila, despojar-se do casaco, despir-se dos sapatos - preparar a janta, escrever para amigos, fumar um cigarro, pensar que AGORA meu violão está por perto... O meu problema é arrumar a cama. Dormir, às vezes, também é.

Nenhum comentário: