sábado, 7 de agosto de 2004

Sabe?
O que eu sinto ouvindo Elis Regina.

Faltam compassos. A música já não expressa, ela é expressa, mas não expressiva. Ela não expressa mais nada, os compassos não se complementam. As frases são jogadas como um choro, a música (linguagem falada pelas notas musicais) já não responde às palavras. Ela corresponde às palavras? Se as palavras não dizem nada, sim. Mas isto não é verdade. Talvez eu somente sinta falta disto em mim. Minhas palavras não tocam, minha musicalidade (espírito sensível meu) já não complementa minha ordem natural: o que quero dizer quando digo ou quando toco? Não sei. Acho que faltam compassos que respondam às minhas frases dentro do sistema letra-melodia. Faltam compassos. Talvez meus compassos e minhas palavras se correspondam. Talvez tudo que eu diga e toque signifique nada. A correspondência está na não qualidade interpretativa das minhas palavras e, em conseqüência, minha opinião, mas corresponde ao não dizer nada de útil (útil?) com melodias e palavras. Faltam compassos a toda hora, que respondam. Será que existe alguma pergunta na minha letra que a melodia possa me responder? Será que julgo-me detentora do saber e não jorre perguntas ou será que minhas mensagens são tão esparsas quanto minhas palavras em letras? Então é isso. Minhas letras (palavras) não têm significado. Não tem significado comum, para mim existirá? Existe uma gênese de saber, conhecimento. Poder utilizá-la de forma comovente é uma alternativa. Mas se não tenho perguntas e minhas mensagens não são inteligíveis, pra que mesmo escrever? Merda! Fiz, de novo, divagar. Será que meus relacionamentos são tão estúpidos e etéreos quanto minhas músicas. Meu pensamento o é. Estúpido e etéreo. Não que eu me considere estúpida, mas os receptores da mensagem não parecem compreendê-la, aceitá-la. Enfim, serão eles os estúpidos ou será eu a estúpida que fala para pessoas que nunca vão poder sentir minha palavras como eu sinto? Sim, eu sou a estúpida que não se faz clara.

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