CONHECIMENTO
Discernimento - ou falta de - em III atos
::: Prólogo:
Eu queria que agora tu estivesse ouvindo a mesma música que eu, que sentisse a falsa impressão de um bicho-da-seda comendo teu rim.
De perceber-se um prometeu.
Prometeu não é aquele que promete, ele é O prometido.
Um cara que diz que prefere a sua PRÓPRIA desgraça à servidão de outrem é, no mínimo, um baita pau-no-cú, barriga breve.
Eu odeio a nobreza do Prometeu. Odeio saber que ele sofre num monte cáucaso e que sofre, por antecipação, porque ele sabe do futuro.
Ele tem consciência!
Ele tem o saber. Ele é um merda pior que o Fool on the Hill Fucking (PIECE) of Shit.
Que gente idiota que não vê nada.
Senta aí e ouve John Lennon, por favor.
::: ATO I:
ELA - Tá eu sei que sou eu mesma quem deve ouvir o John Lennon e aprender a sentir essa flor sendo depenada - despenada - despedaçada, no meu fígado. Orgãos, intestinos.
Vou escrever sobre a dependência do álcool, da gasolina.
ELE - Eu não quero ouvir isso.
ELA - Então não ouve e vai embora.
(...)
Droga, dor. Turbilhão de emoções. Merda. Droga. Passa, Passa, Passa.
ELE - Pra onde?
ELA - Não interrompe por favor.
ELE - ???
ELA - Interrompa, por favor.
ELE - ???
Quê???
ELA - Tá, chega.
ELE - O que é isso? Tá com vontade de chorar?
ELA - Isso! (...) Picas! Não vou chorar.
::: ATO II:
ELA - Droga, entende tua psique, porra.
ELE - Bah, mas tu é muito grossa.
ELA - Rigorosa.
ELE - Grossa.
ELA - Que é uma barbaritude.
ELE - Realmente tu parece um bárbaro.
ELA - barba. bárbaro. barbarismo. barbaritude.
ELE - Tu age como um Homem.
ELA - Ajo. Agito. Convenção.
ELE - QUE MERDA MARIANA
ELA - Cala a boca sombra, não quero, não quero, não quero, não... não posso, não quero não devo, não não não.
ELE - Porque tu te rendeu?
ELA - ... eu fui rendida, renderizada.
ELE - Dá pra parar um pouco...?
ELA - Eu nunca te ouvi, nunca te dei atenção (acho que vou chorar)
ELE - Estes são os caminhos que tu escolhe.
ELA - Colhe.
ELE - Planta.
ELA - Corte.
ELE - Espanta.
(neste momento eles se abraçam)
ELA - Pára de duelar comigo? Eu acho que vou chorar.
ELE - Tu me desculpa?
ELA - Pelo quê? Ainda sinto que vou chorar.
ELE - Tu parece um bebê, tu parece comigo.
ELA - (sem palavras)
::: ATO III
ELE - TU TEM QUE ENTENDER TUA PSIQUÉ
ELA - Eu tenho que entender é à Tu.
ELE - Bah uns usos indevidos de crase...
ELA - Tu escrevia crase com "Z", filha da puta!
ELE - Que criação tu teves, heim?
ELA - Desbocado.
(...)
ELA - Ei. Tu falava que eu parecia um menino.
ELE - Pois bem, ainda parece. Mas te nasceram barbas, e agora tu usa essa barbarinha, "Barbaritude".
ELA - PORRA, SEM CONFLITO NÃO DÁ
ELE - Tu teve um insight, fofinha?
ELA - Não. Eu vivo um insight.
ELE - Pára... Pára... Que o quê! Tu vive numa ilusão de sonho. Numa sombra.
ELA - Eu sou uma sombra. A tua sombra. Sou, ainda, o teu ser. Não nos separamos. Quero me casar contigo mas não te conheço.
ELE - Tu me conhece.
ELA - Não conheço.
ELE - Tu me conhece.
ELA - Não conheço.
(FIM)
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