segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Frio Azul

Frio Azul era uma doce fada enfeitada com lágrimas: colar de lágrimas, pulseira de lágrimas, brinco de lágrimas, o seu vestido - todo - coberto por lágrimas. Frio tinha este nome como óbvio: a frieza da lágrima, a frieza azul.

Adultos não podiam tocá-la, ela condenava esses, involuntariamente, ao congelamento. Fato curioso é o de que às crianças, como que em consolo, concedia balas festivas, balões coloridos, quando muito, sem explicação, um dos pequenos com sorte, recebia uma festa de pura alegria, confetes e serpentinas. Amiguinhos e amiguinhas às voltas.

Não muito, nem pouco, a fadinha era infeliz. Mantinha diálogos astrais com a mestre e orientadora Solidão. Esta era sua fada guia. Também conhecida como fada madrinha. Mas este termo Frio Azul desconhecia, bem como o fato de madrinhas existirem 13. Solidão era sua única testemunha. Desesperança, irmã confidente de Solidão, repousava, invariável e ocasionalmente, a cada chamado da bela.

Estas duas tinham pacto com Fogo Ardente, que, por sua vez, dava-se com Inconseqüência, mas não com Sabedoria. Incompreensão, indubitavelmente, com a gêmea, Sentidos. Obscurantismo e Depressão, nunca dadas a palavras, descansavam no Negro Mato Encantado, próximo à foz; onde divertiam-se Leveza e Descontração.

A mais velha, Realidade, era desconhecida fisicamente, mas se la conhecia pela carcaça dum ser malígno, Onipresente, volta ou outra aparecia, também, como Scabum. Muito confundida com Onírica e Alegria (que não chegam a participar desta parte da história).

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