sábado, 24 de dezembro de 2005

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Frio:

Alguém por favor me abrace. Estou sucumbindo.

Tremores em terras subterrâneas

- Infelizmente de um mar infinito.


Não consigo chegar lá sozinha.

Não consigo ficar na superfície.

Estou neste meio termo, mar morto encerrado em mim mesma:
Uma decepção.

Solidão:

Acalentou o calo, calando. Sem sequer suspiro. Vaza em si e não liberta-se.


Não adiantou Quíron
[1] na tez.
Vislumbrar o terreno de Lúcifer.
Estava perdida, na presença das antigas Queres.

Frio:

Viestes a mim falar de ritos iniciáticos?

Tio Campbell é meu herói. E não o confunda com uma embalagem de soupa.
Ele é amigo do Warhol.


Solidão:

Quíron desejou a ceifa eterna. Promethos lhe concedeu o favor. Quisera dar-te a ti. Ao menos te prometeria alguma novidade. Mas temo ser eu, imortal.

Para - e em - ti.

Não podendo assim, como Prometeu, te entregar minha morte.

Estás num conjunto de mais-valias. És ser raro. E caro. Te falta t'ai-p'ing
[2].

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[1] Conhecido também como Quirão.
[2] Mercado da Grande Paz (t'ai-p'ing) in CHEVALIER, Jean. Dicionário dos Símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003, p. 606.

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