Frio:
Alguém por favor me abrace. Estou sucumbindo.
Tremores em terras subterrâneas
- Infelizmente de um mar infinito.
Não consigo chegar lá sozinha.
Não consigo ficar na superfície.
Estou neste meio termo, mar morto encerrado em mim mesma:
Uma decepção.
Solidão:
Acalentou o calo, calando. Sem sequer suspiro. Vaza em si e não liberta-se.
Não adiantou Quíron[1] na tez.
Vislumbrar o terreno de Lúcifer.
Estava perdida, na presença das antigas Queres.
Frio:
Viestes a mim falar de ritos iniciáticos?
Tio Campbell é meu herói. E não o confunda com uma embalagem de soupa.
Ele é amigo do Warhol.
Solidão:
Quíron desejou a ceifa eterna. Promethos lhe concedeu o favor. Quisera dar-te a ti. Ao menos te prometeria alguma novidade. Mas temo ser eu, imortal.
Para - e em - ti.
Não podendo assim, como Prometeu, te entregar minha morte.
Estás num conjunto de mais-valias. És ser raro. E caro. Te falta t'ai-p'ing[2].
===
[1] Conhecido também como Quirão.
[2] Mercado da Grande Paz (t'ai-p'ing) in CHEVALIER, Jean. Dicionário dos Símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003, p. 606.
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