quarta-feira, 6 de julho de 2005

Uma criança se perdeu
Na escuridão
Os olhos esbugal
hados
No nada, no negro
Na solidão.

A criança se perde
Não sabe onde está
Por que foi parar lá?

Vagou, tateando o vazio
Era cega.

Naquele momento era cega

Não mais se viu

Encontrou um móvel. Da altura de um mesa, com textura de madeira.
Sua mão encontrou um candelabro. No topo, algo ceroso, seguido por um cordão de tecido.


Tateou a superfície do objeto. Nada mais encontrou.

Cansou-se. Sentou-se. Chão frio.

Abraçou o próprio corpo com os braços, joelho rente ao corpo.

Olhos esbugalhado
s.

Frio, solidão.

Calor.

Calor humano ? sussurrou uma fada de vestimentas brancas.

A alvura da graciosa fada
dava frio na criança; ela não ligou para o que dizia esta, pois sua sensação não mudava.

Frio gélido.

Ergueu-se.

Tateando o vazio.

Deu com as pontas dos dedos numa barrante, bem a sua frente. Uma parede?

A criança encontra um interruptor. Move a peça de cima a baixo. Cabisbaixa, já.

Uma chuva torrencial. A assusta.

Ela dança de felicidade. Rodopiando, no escuro. Ela dança.

Dança e estala os dedos.

Dos dedos, feixes de luz branca.

Ela diverte-se durante a chuva a estalar os dedos, gera, assim, estroboscopicamente, uma festa de luzes, a fada a acompanha com o olhar.

A criança está perdida a festejar. A própria desgraça de estar perdida e só.

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