Uma criança se perdeu
Na escuridão
Os olhos esbugalhados
No nada, no negro
Na solidão.
A criança se perde
Não sabe onde está
Por que foi parar lá?
Vagou, tateando o vazio
Era cega.
Naquele momento era cega
Não mais se viu
Encontrou um móvel. Da altura de um mesa, com textura de madeira.
Sua mão encontrou um candelabro. No topo, algo ceroso, seguido por um cordão de tecido.
Tateou a superfície do objeto. Nada mais encontrou.
Cansou-se. Sentou-se. Chão frio.
Abraçou o próprio corpo com os braços, joelho rente ao corpo.
Olhos esbugalhados.
Frio, solidão.
Calor.
Calor humano ? sussurrou uma fada de vestimentas brancas.
A alvura da graciosa fada dava frio na criança; ela não ligou para o que dizia esta, pois sua sensação não mudava.
Frio gélido.
Ergueu-se.
Tateando o vazio.
Deu com as pontas dos dedos numa barrante, bem a sua frente. Uma parede?
A criança encontra um interruptor. Move a peça de cima a baixo. Cabisbaixa, já.
Uma chuva torrencial. A assusta.
Ela dança de felicidade. Rodopiando, no escuro. Ela dança.
Dança e estala os dedos.
Dos dedos, feixes de luz branca.
Ela diverte-se durante a chuva a estalar os dedos, gera, assim, estroboscopicamente, uma festa de luzes, a fada a acompanha com o olhar.
A criança está perdida a festejar. A própria desgraça de estar perdida e só.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário