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corri, corri, corri.
cintilantante e decadente
parei, dois passos a frente. atravessei
corri, corri, corri. corri tanto que ninguém mais me viu
cheguei lá.
Depois do tanto que corri decidi parar
parar de correr
me libertar
- qual a utilidade da sombra de uma árvore?
Não devo parar para me refrescar.
parei ao sol para observar aquela sombra.
olhei com nitidez e sem
sem vergonha ou com
uma criança sai de trás da árvore
outra também, dos galhos dela.
e fico a olhar.
uma delas tem um livro na mão
a outra um estilingue
um pássaro voa;
a criança do estilingue pega uma caneta do seu bolso
olha para o pássaro
a outra puxa uma flauta doce da bolsa
mais um caderninho
solta-o ao lado
a primeira senta e, com a caneta e o bloco da segunda, escreve
a segunda, com a flauta toca.
já me misturei com as imagens, já fui sombra, árvore, e agora sou pássaro.
Aquela criança escreve para mim.
eu vôo
uma criança toca, a outra escreve.
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